quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Especial gurus – FONTE; REVISTA BONS FLUIDOS – EDITORA ABRIL - OUTUBRO DE 2005

Jesus Cristo
Mais de 2 mil anos depois de seu nascimento, pouco se sabe sobre o fundador do cristianismo além do que está descrito na Bíblia – o principal livro sagrado da religião –, mais especificamente nos evangelhos que compõem o Novo Testamento. Filho de Deus, como ele mesmo se proclamou, sonhador, revolucionário ou apenas um entre os muitos pregadores da época, Jesus Cristo é considerado até hoje o maior líder espiritual da humanidade.
O mestre não deixou nada escrito e muitos de seus ensinamentos foram dados por meio de parábolas (espécie de narrações alegóricas). Os quatro evangelhos, de são João, são Mateus, são Marcos e são Lucas, descrevem, cada um a sua maneira, a trajetória de Jesus. Os textos são baseados apenas em relatos pessoais. João e Mateus pertenceram ao grupo dos 12 apóstolos, enquanto Marcos e Lucas foram seguidores. Lucas nem sequer conheceu Jesus, pois viveu na Síria e apoiou seu relato em testemunhos.
Jesus nasceu em Belém, cidade da Judéia, nos últimos anos do reinado do imperador Herodes Antipas, quando Roma dominava a Palestina. Naquele tempo, a Galiléia, onde Jesus viveu sua juventude e iniciou sua pregação, era foco da resistência judia contra Roma. O povo judaico esperava por um salvador que recuperasse a independência política perdida desde o fim do século 8 a.C.
A mãe de Jesus, Maria, casada com José, um carpinteiro de Nazaré, trouxe-o ao mundo quando o casal estava em Belém por causa de um recenseamento. Ao correr a notícia de que havia nascido o menino que se tornaria o Rei dos Judeus, o imperador, irado, mandou matar todos os bebês homens até 2 anos de idade.
A fuga para o Egito
Jesus escapou da matança porque seus pais fugiram para o Egito, onde viveram algum tempo. No regresso, a família se estabeleceu em Nazaré, cidade em que o menino passou a maior parte da vida, trabalhando na carpintaria do pai. Sua primeira aparição pública deu-se aos 12 anos, em uma visita familiar a Jerusalém: os pais o encontraram interrogando os doutores do templo do rei Salomão, lugar sagrado dos judeus.
Segundo as escrituras sagradas, Jesus tinha 30 anos quando se encontrou, na Judéia, com o primo João Batista, famoso na região do rio Jordão por pregar o batismo como sacramento para o perdão dos pecados. Depois de batizado, Jesus saiu em pregação pela Galiléia, proclamando-se filho de Deus e mensageiro de sua palavra aos homens.
Aos 31 anos, quando realizou o famoso Sermão da Montanha e pregou as parábolas que transmitiam sua doutrina aos seguidores, tinha 12 apóstolos, todos galileus como ele. Depois de jejuar 40 dias no deserto, começou a fazer milagres: transformou água em vinho, multiplicou pães e peixes para alimentar uma multidão de seguidores, curou leprosos, cegos e paralíticos, ressuscitou Lázaro, acalmou tempestades, caminhou sobre as águas e transfigurou-se diante dos apóstolos, entre outros fatos inexplicáveis.
Por essas façanhas, aos 33 anos foi considerado blasfemo e acusado de conspirar contra Roma. Foi preso depois de uma reunião com seus apóstolos, no monte das Oliveiras, em Jerusalém, traído pelo apóstolo Judas Iscariotes, que indicou seu paradeiro aos sacerdotes. Conduzido à residência do procurador romano da Judéia, Pôncio Pilatos, sem que esse achasse nenhum delito que pudesse incriminá-lo, Jesus foi mandado à presença de Herodes, rei da Galiléia. Ele o devolve sem nada decidir e Pilatos, sentindo-se pressionado pelos chefes de Israel e pela revolta da multidão incitada por eles, propõe trocá-lo pelo prisioneiro político Barrabás.
A Via Crucis e o Calvário
Quando a multidão opta pela soltura de Barrabás, Pilatos pronuncia a sentença da condenação de Jesus à morte na cruz por crime de perturbação da ordem pública e por rebeldia política contra os interesses romanos, depois de se declarar inocente de seu sangue. Seguindo as leis romanas, Jesus foi açoitado e carregou sua cruz até a colina do Calvário, no monte Gólgota. O caminho que percorreu pelas ruas de Jerusalém é chamado de Via Crucis, ou Via Dolorosa.
No monte Gólgota, no dia 7 de abril, aos 33 anos, foi crucificado, ladeado por dois ladrões. Cinqüenta dias depois de sua morte, durante a festa de Pentecostes, sua ressurreição foi anunciada pelos apóstolos.
No século 3, o imperador Constantino acabou com a perseguição aos cristãos, retirou o cristianismo da clandestinidade e o proclamou religião oficial do Império Romano. Sua mãe, a imperatriz Helena (mais tarde canonizada como santa Helena), recuperou os principais locais sagrados da vida de Jesus Cristo, em uma viagem a Israel, quase 300 anos depois dos eventos.
PARA SABER MAIS Livros- A Imagem de Jesus ao Longo dos Séculos, de Jaroslav Jan Pelikan- Jesus, Coleção Para Saber Mais – Superinteressante, de Rodrigo Cavalcante- Jesus, o Mestre Interior, de Laurence Freeman- A Busca do Jesus Histórico, de Albert Schweitzer- Jesus Cristo, Libertador, de Leonardo Boff


Gandhi
Mohandas Karamchand Gandhi, mais conhecido como Mahatma Gandhi, guia espiritual e líder pacifista da Índia, teve um papel fundamental na luta pela independência desse país, colonizado pela Inglaterra. Ganhou projeção mundial como porta-voz da luta pelos direitos humanos e contra o racismo, a intolerância e a violência. Nasceu em Cathiawar, na província de Bombaim, em 2 de outubro de 1869, filho de um político e uma religiosa. Casou-se aos 13 anos com uma menina da mesma idade, Kasturbai, com quem permaneceu por 62 anos. Em 1888, Gandhi foi estudar direito em Londres e, três anos depois, voltou à Índia graduado como jurista. Logo em seguida, transferiu-se para a África do Sul (na época, também colônia britânica), representando uma empresa indiana em um processo judicial. Permaneceu ali 20 anos e iniciou um movimento pelos direitos da comunidade indiana local, que se tornou a semente para suas futuras ações pela libertação de seu país natal. Entre 1908 e 1913, conduziu marchas, foi preso e condenado a trabalhos forçados e viu milhares de indianos escravizados na prisão. Sempre defendendo a não-violência, conquistou várias vitórias para a população hindu da África do Sul. De volta à Índia, em 1915, com a certeza de que a independência de seu país só seria conseguida por métodos não violentos, iniciou um movimento de resistência passiva, procurando conscientizar a sociedade da importância da luta pacífica. Conquistando inúmeros adeptos para sua causa, Gandhi recebeu o título honorífico de mahatma (que siginifica “grande alma”). Ingressou no Congresso Nacional indiano e logo se tornou seu principal líder. Dali, orquestrou uma campanha nacional de não-cooperação com o governo britânico. Em um de seus apelos, convocando a população à greve, conseguiu que 400 milhões de pessoas cruzassem os braços. A partir de 1924, Gandhi percorreu a Índia pregando os direitos humanos e a necessidade de diálogo entre as religiões. Afirmando sua dedicação aos pobres, viveu muito tempo entre eles. Durante toda a vida, foi exemplo de virtude, bondade e desapego aos bens materiais. Até seus últimos dias, Gandhi trabalhou sem descanso por seu país e seu povo: quando não estava à frente das ações pela independência, trabalhava como reformador social. Foi assassinado por um fanático religioso hindu, em uma reunião de oração, em 30 de janeiro de 1948.
PARA SABER MAIS Livros- Mahatma Gandhi, de Huberto Rohden - Gandhi, Poder, Parceria e Resistência, de Ravindra Varma - Gandhi, Autobiografia, de Mahatma Gandhi - Gandhi por Ele Mesmo, de Mahatma Gandhi Filmes - Gandhi, de Richard Attenborough

São Francisco de Assis
Francesco Bernardone, monge e teólogo, nasceu em Assis, na Itália, em 1182. Batizado como Giovanni di Pietro, foi chamado de Francesco em alusão ao trabalho do pai, rico comerciante de tecidos que importava produtos da França. Depois de viver a juventude na boemia, aos 20 anos alistou-se para combater na guerra entre Assis e Perugia. Feito prisioneiro, passou muitos meses atrás das grades. Doente, conseguiu a liberdade depois da intercessão do pai. Em 1205, iniciou-se na vida religiosa, quando, ao rezar em uma capela dedicada a são Damião, ouviu uma voz vinda do crucifixo, que disse: “Vai e repara minha casa”. Interpretando literalmente a mensagem, dedicou-se a reconstruir a igrejinha, com o auxílio dos moradores. Animado pela prática do bem, Francesco passou a se dedicar cada vez mais aos necessitados, chegando a vender mercadorias do pai para doar o dinheiro aos pobres. Ao renunciar a seus bens e fazer o voto de pobreza, começou a andar descalço e adotou o hábito rústico que se tornaria símbolo dos franciscanos. Em 1210, rodeado dos primeiros seguidores, foi a Roma pedir ao papa a aprovação de sua regra. Atendido em sua reivindicação, adotou a denominação de “frades menores” para sua ordem. De volta a Assis, o grupo instalou- se em Porciúncula, onde nasceu o primeiro convento da Ordem Franciscana, que se transformou em uma das maiores do mundo cristão. Dois anos depois, ao lado de santa Clara, criou a Ordem das Clarissas, ramo feminino de sua regra. Para os leigos que desejavam ser fiéis ao espírito de pobreza franciscana, criou a Ordem Terceira. Em sua pregação, Francisco exaltava a beleza do Universo: por isso, é considerado protetor das aves e dos animais. Seu Cântico ao Sol, em que proclama amor à natureza, é uma das mais belas páginas da poesia cristã. Dois anos antes de sua morte, surgiram no corpo de Francisco os estigmas de Jesus Cristo: cinco chagas, localizadas nas mãos, nos pés e no lado do peito. Com a saúde deteriorando rapidamente, em conseqüência do desapego ao mundo material, morreu em 1226, aos 44 anos. Canonizado em 1228, suas relíquias estão guardadas na basílica de sua cidade natal. A festa de são Francisco de Assis é celebrada no dia 4 de outubro.
PARA SABER MAIS Livros- São Francisco de Assis, de Leonardo Boff - O Pobre de Deus, de Nikos Kazantzakis - Gandhi, Autobiografia, de Mahatma Gandhi - São Francisco de Assis e São Tomás de Aquino, de Gilbert Keith ChestertonFilmes - Irmão Sol, Irmã Lua, de Franco Zeffirelli

Maharishi
Maharishi Mahesh Yogi, mestre espiritual indiano, é o criador da meditação transcendental e um dos responsáveis pelo avanço das doutrinas orientais no Ocidente. Nasceu em 1911, em Jabalpur, no norte do país, com o nome de Madhya Brasad Warma. Pouco depois de cursar a universidade, em que se formou em física, em 1942, conheceu importantes líderes religiosos, entre eles Bhagovan Shankaracharya, conhecido como guru Dev, considerado um avatar (no hinduísmo, a reencarnação de um deus, especialmente Vishnu). Na década seguinte, Maharishi uniu-se ao mestre, tornando-se logo seu mais destacado aluno. Em 1953, com a morte de Dev, retirouse em meditação às montanhas do Himalaia, onde permaneceu dois anos.
Em 1957, criou o programa de meditação transcendental e fundou o Movimento Mundial de Regeneração Espiritual, que rapidamente se difundiram na Índia. No ano seguinte, Maharishi viajou aos Estados Unidos e ali começou a divulgar seus ensinamentos, inicialmente em Los Angeles.
Sua prática de meditação, cuja técnica combinava relaxamento com repetição de mantras (sons sagrados) e palavras em sânscrito (antigo idioma hindu), em pouco tempo atraiu para o mestre inúmeros seguidores ocidentais, entre eles artistas e intelectuais. Incensado como guru dos Beatles, então considerada a banda mais famosa do mundo, em 1967 ele ganhou a definitiva projeção internacional.
Hoje, Maharishi é reconhecido como um dos mais influentes gurus do século 20. Atribui-se a ele a restauração da literatura védica1 (fragmentada por milhares de anos), reorganizando-a como a Ciência da Consciência. O mestre foi pioneiro também em apresentar aos ocidentais elementos da astrologia védica e da aiurveda, a tradicional medicina indiana.
PARA SABER MAIS Livros- Ciência do Ser e a Arte de Viver, de Maharishi Mahesh Yogi - O Marahishi, de Paul Mason Na Internet - Meditação Transcendentalwww.meditacao-transcendental.med.br

Chico Xavier
Francisco Cândido Xavier, o mais famoso médium espírita brasileiro, nasceu em Pedro Leopoldo, em Minas Gerais, em 2 de abril de 1910, filho de uma lavadeira e um operário, em uma família de nove irmãos. Desde pequeno, ouvia vozes e conversava com seres invisíveis, principalmente com a mãe, que perdeu aos 5 anos.
Em 1927, no final da adolescência, confuso entre sua formação católica e as experiências mediúnicas, se interessou pela doutrina de Allan Kardec. O fato decisivo para sua aproximação com o espiritismo ocorreu no mesmo ano, quando uma de suas irmãs, desenganada pelos médicos, foi curada por um casal espírita, amigo da família. Pouco tempo depois, Chico escreveu um texto de 17 páginas com mensagens de “um espírito amigo”, recebidas por ele através da psicografia.
Em 1931, Chico Xavier fez contato pela primeira vez com o espírito Emmanuel, que se tornou seu principal mentor. No ano seguinte, publicou seu primeiro livro psicografado, Parnaso de Além-Túmulo, coletânea de poemas assinada por autores falecidos, como Olavo Bilac, Castro Alves e Augusto dos Anjos.
Ao longo da vida, Chico Xavier recebeu mensagens de centenas de espíritos. Depois de Emmanuel, o mais importante deles foi André Luiz, que se apresentava como cientista brasileiro (para muitos, seria Oswaldo Cruz, pioneiro da medicina tropical no país).
Chico Xavier escreveu mais de 400 livros, entre romances, contos, crônicas e mensagens de auto-ajuda. Doou os direitos autorais a editoras espíritas e obras de caridade e viveu até os 92 anos com o humilde salário de aposentado do Ministério da Agricultura.
Em 1959, mudou-se para Uberaba, onde criou a Comunhão Espírita Cristã. Seu trabalho espiritual e assistencial transformou a cidade mineira em pólo do espiritismo. Caravanas de fiéis acorriam para lá em busca dos atendimentos do médium. Na década de 60, sua fama ultrapassou as fronteiras do país. Chico viajou pelos Estados Unidos e pela Europa divulgando sua doutrina.
A saúde, frágil desde a juventude, foi se esgotando: tomado por uma debilidade progressiva, teve dois enfartes e, a partir de março de 1982, necessitou de acompanhamento médico permanente.
Chico Xavier recebeu mais de 100 títulos de cidadania no Brasil e foi indicado ao Prêmio Nobel da Paz em 1981. Dez milhões de brasileiros endossaram a campanha, assinando manifestos e cartas. No final da vida, a fama e a debilidade física o obrigaram a um isolamento forçado. Morreu no dia 30 de junho de 2002.
PARA SABER MAIS Livros- As Vidas de Chico Xavier, de Marcel Souto Maior- Nosso Lar, de Chico Xavier- Coletânea do Além, de Chico Xavier

Dalai-Lama
Tenzin Gyatso, sua santidade o 14o dalai-lama, líder espiritual e autoridade máxima do budismo tibetano, nasceu na aldeia de Takster, no leste do Tibete, em 6 de julho de 1935. Filho de uma família de agricultores, recebeu o nome de Lhamo Thondup. Com apenas 2 anos de idade, foi reconhecido por monges como a reencarnação do dalai-lama.
Aos 5 anos, foi oficialmente nomeado líder espiritual dos tibetanos, separado da família e levado para o palácio Potala, em Lhasa. Lá, fez seus votos de noviço, teve o cabelo cortado e recebeu o manto monástico. Desde então, passou a se chamar Jampel Ngawang Lobsang Yeshe Tenzin.
Assumiu o poder político em 1950, ano em que o Tibete foi ocupado pela China. Durante nove anos, os tibetanos lutaram pacificamente para manter sua identidade. Em 1959, observando que a própria sobrevivência da religião estava em perigo se continuasse no Tibete, o dalai-lama deixou o país e refugiou-se em Dharamsala, na Índia, onde o budismo nasceu.
Líder espiritual de todas as escolas budistas tibetanas, sua santidade representa o ponto de união e construção da identidade cultural dos tibetanos no exílio e de muitos ocidentais que encontraram no budismo uma ferramenta espiritual. Sua atuação tem duas vertentes: a preservação e propagação dos ensinamentos budistas de forma não separatista, promovendo o diálogo inter-religioso e o contato com as doutrinas ocidentais, e a conservação da cultura e identidade do povo tibetano, em todos os seus aspectos. Fundou colônias tibetanas na Índia e no Nepal e institutos para preservar as artes, a história sagrada e a medicina tradicional do Tibete.
Desde 1960, o dalai-lama vive na Pequena Lhasa, que é como ficou conhecida a sede do governo tibetano em Dharamsala. Seguido por 80 mil refugiados quando se exilou, hoje tem mais de 120 mil tibetanos a seu redor. Em 1989, como reconhecimento a sua campanha pacifista para acabar com a dominação chinesa no Tibete, recebeu o Prêmio Nobel da Paz.
Com o crescimento do budismo em todo o mundo, vêm sendo lançados inúmeros livros com as mensagens do dalai-lama, retiradas de palestras e discursos. Considerados verdadeiros manuais de auto-ajuda, obras como A Arte da Felicidade: um Manual para a Vida e O Caminho da Felicidade não saem das listas de mais vendidos.
PARA SABER MAIS Livros- Conselhos Espirituais do Dalai Lama- Sábias Palavras do Dali Lama- O Livro da Sabedoria: um Manual para a Vida, de Dalai Lama- A Arte da Felicidade, de Dalai Lama- Dalai-Lama, Coleção Para Saber Mais – Superinteressante, de Karen GimenezFILMES- Kundun, de Martin Scorsese

Padre Cícero
Cícero Romão Batista, padre cearense, foi um dos grandes benfeitores do povo nordestino e transformou Juazeiro do Norte em uma das mais importantes cidades do Ceará. Apesar de não ter sido canonizado pela Igreja, é considerado santo por sua imensa legião de fiéis.
Nasceu em 24 de março de 1844, na cidade do Crato. Com apenas 12 anos, fez voto de castidade e, aos 16, foi para Cajazeiras estudar no colégio do renomado padre Rolim. Com a morte do pai, teve de voltar a Crato. A grave situação financeira da família fez que seu padrinho financiasse sua ida a Fortaleza, onde ingressou no seminário.
Ordenou-se padre em 1870 e, em abril de 1872, estabeleceu- se como vigário da capela de Juazeiro (então um pobre povoado de casas de taipa), segundo alguns, motivado por uma visão de Jesus Cristo que pedia a ele a devoção aos pobres. Desde o início, padre Cícero dedicou- se a um apostolado de tendências místicas. Em 1889, ocorreu o primeiro fato extraordinário relacionado a ele: durante a comunhão, uma hóstia se transformou em sangue dentro da boca de uma beata.
À medida que Juazeiro se tornou centro de peregrinação de romeiros vindos de todo o Ceará e de estados vizinhos, a notícia do milagre gerou um polêmico processo, que chegou ao Vaticano. Acusado de ser um farsante e incitar o fanatismo, padre Cícero foi suspenso da ordem religiosa. Entre os devotos, no entanto, o processo só contribuiu para aumentar a fama do “padim Ciço”, como era chamado.
Proibido de celebrar, Cícero ingressou na carreira política. Graças às romarias, Juazeiro ganhou status de município em 1911, tendo ele como prefeito. Foi nessa condição que presidiu um pacto de coronéis da região em apoio ao governador do Ceará. Em janeiro do ano seguinte, o governante foi derrubado e seu sucessor exonerou padre Cícero da função de prefeito. No final de 1913, as diferenças entre a política estadual e local provocaram um conflito armado entre as tropas do governador contra os homens de Juazeiro, que saíram vitoriosos, reunidos em torno do padre.
O religioso morreu em 20 de julho de 1934, aos 90 anos. O “santo de Juazeiro” se tornou um mito, apesar de ainda não ter sido perdoado pela Igreja.
PARA SABER MAIS Livros- Padre Cícero, de Doc Comparato e Aguinaldo SilvaNA INTERNET- www.padrecicero.cjb.net

Madame Blavatsky
Helena Petrovna Blavatsky, uma das maiores ocultistas do século 19, foi uma mulher excêntrica, com uma vida pontuada por acontecimentos fantásticos. Sua maior contribuição foi a fundação da Sociedade Teosófica, nos Estados Unidos, em 1875, organização que teve extrema importância para a introdução da religião hindu e sua filosofia no Ocidente.
Madame Blavatsky, como ficou conhecida, nasceu na Rússia em 30 de julho de 1831. Filha de uma família nobre e dotada de personalidade carismática, fascinava pelas histórias da jornada espiritual que proclamava ter vivenciado no Tibete durante a juventude.
Em sua procura pela chave dos mistérios do Universo, Blavatsky alegava ter poderes ocultos e se comunicar com os espíritos. Viajou pelo mundo todo e morou em diversos países, sempre envolvida em situações estranhas e inexplicáveis.
Seu livro mais importante, A Doutrina Secreta, que saiu em 1888, contém uma enorme quantidade de informações e referências esotéricas, a ponto de estudos provarem que ela precisaria ter lido durante décadas para assimilar tudo o que escreveu. A própria Blavatsky salientou que o conteúdo da obra não é de sua autoria, mas fruto do contato com seus mensageiros astrais.
Ela sofreu a vida inteira acusações de ter sido uma farsante, mas é inegável o impacto que os teosóficos tiveram sobre a vida cultural, social e política do Ocidente com suas escrituras. Entre seus principais seguidores estão mestres como Krishnamurti, Gurdjieff e Rudolf Steiner. Madame Blavatsky morreu em Londres, em 1891.
PARA SABER MAIS Livro- O Mundo Esotérico de Madame Blavatsky, de Daniel Caldwell

Mokiti Okada
Fundador da Igreja Messiânica, nasceu em Tóquio, no Japão, em 23 de dezembro de 1882. Pobre, doentio e tímido na infância, por volta dos 25 anos tornou-se um próspero comerciante na capital japonesa, com sua loja de bijuterias femininas, Okada.
O sucesso material começou a declinar a partir de 1919: perdeu a primeira esposa e as três filhas, o banco que gerenciava seus empreendimentos faliu, houve a crise econômica mundial após a Primeira Guerra Mundial e um terremoto que, em 1923, devastou Tóquio. O sofrimento causado por esses reveses motivou Okada a se comprometer com a busca espiritual.
A partir daí, foi se desvinculando de seus negócios e se dedicando cada vez mais à procura de respostas para seus questionamentos. Aos 45 anos, em 1926, no mês de dezembro, teve uma experiência mística, quando afirmou ter atingido o estado de kenshinjitsu (conhecimento total da verdade e dos fenômenos do Universo).
Nos anos que se seguiram, o mestre se preparou para, em 1o de janeiro de 1935, fundar a Igreja Messiânica Mundial, da qual se tornou o primeiro líder espiritual. Adotou, então, a alcunha de Meishu-Sama (que significa Senhor da Luz).
Okada foi também o criador do jorei, técnica de imposição das mãos com o objetivo de canalizar a energia universal para harmonizar o ser humano. Seu objetivo inicial era desenvolver a saúde – que o mestre acreditava ser o principal ponto para conduzir o homem à espiritualidade.
Mais tarde, alcançar a paz e a prosperidade também foi incluído na filosofia do jorei. O líder da Igreja Messiânica morreu em 10 de fevereiro de 1955.
PARA SABER MAIS INTERNET- Fundação Mokiti Okada:www.fmo.org.br- Centro de Pesquisas Mokiti Okada: www.cpmo.org.br


Maomé
Líder muçulmano, fundador da religião islâmica, chamado de Profeta de Deus, nasceu em Meca, na Arábia Saudita, por volta do ano 570. Maomé (em árabe, Muhammad ou Muhammed, que quer dizer “o Louvado”) ficou órfão ainda criança. Era casado com Khadija, uma rica viúva, mais velha, que o havia empregado como condutor de caravanas pelo deserto. Aos 40 anos, enquanto orava em uma caverna do monte Hira, apareceu-lhe o arcanjo Gabriel, que disse: “Ó Maomé, tu és o enviado de Deus”. Foi o anjo que transmitiu ao profeta a palavra divina, por meio dos versos que deram origem ao Alcorão, o livro sagrado dos muçulmanos. A partir de 613, Maomé pregou a existência de um Deus único e todo-poderoso, Alá, e se manifestou abertamente contra a idolatria e a desigualdade social. Ao se popularizar entre o povo, o discurso monoteísta do Mensageiro de Alá provocou inquietação nas classes dominantes, que o viram como uma ameaça à paz. Assim, em 619, com a morte da esposa e de seu tio e protetor, Abu Talib, o profeta e seus seguidores começaram a ser perseguidos. A hégira, sua fuga de Meca para Medina (onde fundaram a primeira comunidade muçulmana), no dia 16 de julho de 622, é considerada o momento crucial para o desenvolvimento da religião islâmica. A data assinala o início do calendário muçulmano. Para os seguidores dessa religião, “não há outro deus senão Alá, e Maomé é o seu profeta”. Venerado por cerca de 800 milhões de fiéis – concentrados no Oriente Médio, na África do Norte e em outras regiões da Ásia –, Maomé continuou recebendo visões divinas até a morte, no ano 632.
PARA SABER MAIS Livros- Maomé, de Karen Armstrong - O Profeta Maomé, uma Biografia, de Barnaby Rogerson - Islamismo, de Claudio Jacono - Islã, Coleção Para Saber Mais – Superinteressante, de Rodrigo Cavalcante

Saint-Germain
Mestre espiritual, na tradição esotérica Saint-Germain integra a Grande Fraternidade Branca – irmandade formada por seres altamente evoluídos – e na qual é um dos sete mestres ascensos. Esses são seres que encarnaram várias vezes e cumpriram seus objetivos na Terra (Jesus Cristo e Buda também fazem parte dessa categoria).
Na hierarquia, Saint-Germain é ainda o mestre responsável pelo sétimo raio, uma energia de cor violeta relacionada ao sétimo dia da semana (sábado), à liberdade, à justiça e à transmutação interior.
O nome vem de sua última encarnação, vivida como conde de Saint-Germain, no século 19, na Europa. Antes, foi soldado romano, o profeta Samuel (juiz das 12 tribos de Israel, por volta do ano 1050 a.C.), São José, Cristóvão Colombo, o mago Merlim e Shakespeare, entre outros notáveis. Graças a sua capacidade de purificação espiritual, atingiu o estado máximo de iluminação.
Os esotéricos acreditam que Saint-Germain comandou uma civilização há mais de 50 mil anos, onde hoje está o deserto do Saara. Nesse império, que teria atingido o ápice da perfeição, a maioria de seus súditos detinha o uso consciente da sabedoria e do poder divinos. Treze mil anos atrás, o mestre assumiu a função de sumo sacerdote no Templo da Chama Violeta no continente de Atlântida, em cujo santuário brilhava um fogo sagrado dessa coloração.
Segundo a tradição, Saint-Germain atualmente conduz a humanidade na entrada da Era de Aquário, que deverá ser assinalada pela paz, liberdade e iluminação. Depois que Jesus Cristo veio à Terra trazendo a mensagem de amor incondicional da Era de Peixes (que, para muitos, foi também marcada pela dor, pelo sofrimento e pela culpa), Saint-Germain foi escolhido para governar a Era de Aquário, utilizando o poder da chama violeta, a cor máxima de vibração espiritual, ligada à cura e à transmutação.
PARA SABER MAIS LIVROS- Os Senhores dos Sete Raios, de Elizabeth e Mark Prophet- Santíssima Trinosofia – O Conde de Saint-Germain, de Manly P. Hall

São Tomás de Aquino
Tommaso d’Aquino, monge italiano, foi criador do tomismo. Considerado o maior dos filósofos medievais, suas obras são reconhecidas como base da teologia católica. Nasceu em 1225, em Roccasecca, na Sicília, no castelo da família dos condes de Aquino. Foi educado no convento beneditino de Monte Cassino, onde viveu até 1239, quando voltou ao convívio da família e foi mandado à Universidade de Nápoles.
Aos 16 anos, impedido pela família de seguir sua vocação religiosa, chegou a ser mantido preso em uma torre do castelo para mudar de idéia. Frente a sua firme resolução, foi libertado e pôde fazer os votos, entrando para a Ordem dos Dominicanos.
Paralelamente, o jovem Tommaso mergulhou nos estudos e obteve o título de doutor em teologia. Reputado por sua inteligência e retórica, ensinou em diversas cidades da Europa e, aos 27 anos, assumiu o cargo de professor na Universidade de Paris, na época o principal centro de estudos teológicos.
A vasta produção literária de são Tomás de Aquino influenciou profundamente a doutrina cristã. Entre suas obras mais importantes está a Suma Teológica, que deu substância à visão cristã do mundo ensinada nas universidades até meados do século 17.
Morreu em 1274, quando estava de passagem pelo mosteiro de Fossanova, a caminho do II Concílio de Lyon, cujo objetivo era remediar a cisão entre as igrejas grega e romana. Foi canonizado em 1323 e recebeu o título de doutor da Igreja (atribuído postumamente a escritores eclesiásticos que se destacaram pela santidade e qualidade de sua ciência) em 1567.
PARA SABER MAIS Livros- São Francisco de Assis e São Tomás de Aquino, de G. K. Chesterton- Santo Tomás de Aquino, de G. K. Chesterton

Santa Teresa de Ávila
Teresa de Cepeda e Ahumada, freira carmelita espanhola, foi uma das mulheres mais atuantes na história do cristianismo. Por seu profundo conhecimento teológico, tornou-se a primeira mulher a receber o título de doutora da Igreja (atribuído postumamente a escritores eclesiásticos que se destacaram pela santidade e qualidade de sua ciência), em 1970.
Nasceu em Ávila, em 28 de março de 1515. Viveu a adolescência de forma frívola e inconseqüente até que, aos 16 anos, o pai a colocou sob os cuidados das freiras agostinianas da cidade. Ali, acometida pelos primeiros sintomas da doença que a fragilizou durante toda a vida, Teresa manifestou o desejo de tomar o hábito e servir a Deus. Diante da oposição do pai, aos 20 anos fugiu de casa e entrou para o convento carmelita de sua cidade, onde permaneceu por muitos anos.
Insatisfeita com o cotidiano mundano do convento, Teresa quis se dedicar a uma vida ainda mais simples e austera. Em 1562, aos 47 anos, fundou a Congregação das Carmelitas Descalças, retomando as rígidas regras da ordem.
Nos anos que se seguiram, Teresa quis estender sua reforma pela Espanha, fundando outros mosteiros de frades e monjas. Por isso, sofreu severa oposição e teve, inclusive, que abandonar seu convento. Em seus escritos, como o Livro da Vida, o Caminho da Perfeição e o Castelo Interior, ou Livro das Sete Moradas, Teresa descreveu não apenas sua epopéia em defesa de seus ideais mas também as experiências místicas que viveu ao longo de sua movimentada vida.
A freira morreu no dia 4 de outubro de 1582 e foi canonizada em 1622. Seu dia festivo é comemorado em 15 de outubro.
PARA SABER MAIS Livros- Teresa de Ávila ou o Divino Prazer, de Elisabeth Reynaud- Contemplando o Mundo e o Céu com Santa Teresa, de Patricio Sciadini e Frei Sandro Grimani

Nenhum comentário: