quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Na ponta da língua
CONHECENDO NOSSOS ESCRITORES
Raimundo da Mota de Azevedo Correia (1859/1911)

Nasceu o bordo de um navio brasileiro, na Baía de Mangunça, município de Cururupu, Maranhão. Ainda criança veio para o Rio de Janeiro, tendo estudado no Colégio Pedro II. Em 1879 estreou na literatura, escrevendo versos românticos: Primeiros Sonhos. Lançou as Sinfonias em 1883. Escreveu em diversos jornais e revistas. Formado em Direito na cidade de São Paulo, foi nomeado promotor de Justiça de São João da Barra/RJ. A partir dessa época o juiz apagaria o poeta. Pertenceu à Academia Brasileira de Letras. Vitimado pela uremia, foi a Paris (França) para consultar especialistas, lá falecendo. Em 1920 a ABL trasladou seu corpo para o Brasil.

Obras: Versos e Versões (1887); Aleluias (1891); Poesias (Lisboa, 1898).

CONCORDÂNCIA CRUEL

Num jornal do Rio, lemos a seguinte e quase inacreditável frase: “Temperaturas de 30 graus e ondas de até um metro levou o carioca à orla.”

Nada justifica o erro de concordância. A forma verbal levou deveria estar no plural.

Frase correta: Temperaturas de 30 graus e ondas de até um metro levaram o carioca à orla.

MAIS DOIS ERROS
Em outro jornal, apareceu a seguinte manchete: “Líder palestino se irrita e não respeitará quem se opor a caminhada até Jerusalém.”
Irritante! A construção desse período está duplamente errada.

1o – O verbo respeitar no futuro do presente (não respeitará) determina que o verbo opor seja conjugado no futuro do subjuntivo, logo a forma verbal “opor” está incorreta, pois está no infinitivo pessoal.

2o – O a antes da palavra caminhada deveria levar o acento grave, indicativo da crase, pois ele representa a fusão do a (preposição) + a (artigo) = à.

Preste atenção ao período correto: “Líder palestino se irrita e não respeitará quem se opuser à caminhada até Jerusalém.”

FALTA DE ZELO
Um enorme cartaz, na Marginal Pinheiros, em São Paulo, anuncia a loja “Zêlo” (cama, mesa e banho), assim mesmo, com acento circunflexo. Falta de zelo com a língua portuguesa, não é? O acento diferencial não mais existe e a palavra “zelo” não faz parte da lista de exceções.

CONFUSÃO
Na abertura de um programa do Jô Soares, o artista comentou que um certo juiz, então foragido adora acentos, pois acentua muito e erradamente as palavras, e além disso salpica todos os seus textos com inúmeras vírgulas. O descuido com a nossa língua só aumenta o rol de deslizes daquele cidadão.
Por Arnaldo Niskier, da Academia Brasileira de Letras
aniskier@ig.com.br

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